quarta-feira, 29 de abril de 2020

A chorumela verde e amarela


De uns tempos para cá, um insólito fenômeno sócio-político veio ganhando força no cenário das manifestações públicas brasileiras, até se consolidar em características de um verdadeiro corpo de massa (a)crítica social, com demandas próprias, e substratos específicos de posicionamentos e reivindicações políticas.

Um amontoado de indivíduos personalistas, unidos por um sentimento particular de contrariedade perante a realidade do mundo e por conveniências eventuais, segundo o compartilhamento de sandices em comum.

Um coletivo individualista, fruto da contrariedade, mas que se mingua a cada contrariedade sofrida. Uma turba barulhenta que não consegue dialogar em contraposição, nem condescender em suas opiniões.

Tomados pela certeza cega de suas convicções, que nada mais são do que as projeções de seus próprios desejos pessoais, e onde a única opção de verdade possível é aquela que reflita a manifestação de suas vontades no momento.

Suas vontades são suas verdades, e qualquer racionalidade em contrário é sumariamente hostilizada. Apologistas da infâmia e pregadores da idiotia.

Ostentam seu narcisismo com orgulho e despudor, vaidosos da farta ignorância que possuem. Arrogantes e petulantes, agressivos e até covardes, desprezam os diferentes e menosprezam os desafortunados.

Uma classe empáfia, de gente sem empatia e antipática, que atenta contra a sensatez e a realidade dos fatos, negando a inteligência crítica em nome de sua egolatria alucinada, coisa que não só beira à loucura, como apropriadamente a define.

Histriônicos, heróis de si mesmos, marcham egocêntricos em descompasso com a harmonia social, promovendo inconsequentemente iniquidades e buzinaços.


A ascensão desse tipo de gente é o resultado direto da polarização política e da radicalização nas discussões sociais a que o Brasil veio se submetendo nos últimos anos.

Uma inflamação de egos que ofusca a inteligência crítica e degrada a racionalidade dos discursos, arrastando a qualidade do debate político aos níveis dantescos que hoje se encontra.

Em que cidadãos convencidos de suas próprias narrativas pessoais se creem no direito de impor suas verdades/vontades aos outros, sem qualquer tipo de ponderação ou assentimento.

Um bando de ególatras prepotentes e intransigentes, que se julgam acima dos demais, e que permeiam a sociedade recalcitrando contra o progresso dos valores que não comungam.


Intolerantes que se valem da flexibilidade dos princípios democráticos, e abusam de sua tolerância para atentar danosamente contra própria ordem democrática.

Como bárbaros ensandecidos, investem furiosamente contra a civilidade humanista, em saques degenerados aos seus valores sociais.

Rufiões danosos, exploradores da santa paciência. Precisam ser combatidos urgentemente.

E que a espada da justiça caia logo forte sobre eles, antes que as clavas fortes dos filhos que não fogem à luta se entrechoquem.

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