De uns tempos para cá, um insólito fenômeno sócio-político veio ganhando força no cenário das manifestações públicas brasileiras, até se consolidar em características de um verdadeiro corpo de massa (a)crítica social, com demandas próprias, e substratos específicos de posicionamentos e reivindicações políticas.
Um amontoado de indivíduos personalistas, unidos por um
sentimento particular de contrariedade perante a realidade do mundo e por
conveniências eventuais, segundo o compartilhamento de sandices em comum.
Um coletivo individualista, fruto da contrariedade, mas que
se mingua a cada contrariedade sofrida. Uma turba barulhenta que não consegue
dialogar em contraposição, nem condescender em suas opiniões.
Tomados pela certeza cega de suas convicções, que nada mais
são do que as projeções de seus próprios desejos pessoais, e onde a única opção
de verdade possível é aquela que reflita a manifestação de suas vontades no
momento.
Suas vontades são suas verdades, e qualquer racionalidade em
contrário é sumariamente hostilizada. Apologistas da infâmia e pregadores da
idiotia.
Ostentam seu narcisismo com orgulho e despudor, vaidosos da
farta ignorância que possuem. Arrogantes e petulantes, agressivos e até
covardes, desprezam os diferentes e menosprezam os desafortunados.
Uma classe empáfia, de gente sem empatia e antipática, que
atenta contra a sensatez e a realidade dos fatos, negando a inteligência
crítica em nome de sua egolatria alucinada, coisa que não só beira à loucura,
como apropriadamente a define.
Histriônicos, heróis de si mesmos, marcham egocêntricos em
descompasso com a harmonia social, promovendo inconsequentemente iniquidades e
buzinaços.
A ascensão desse tipo de gente é o resultado direto da polarização política e da radicalização nas discussões sociais a que o Brasil veio se submetendo nos últimos anos.
Uma inflamação de egos que ofusca a inteligência crítica e
degrada a racionalidade dos discursos, arrastando a qualidade do debate
político aos níveis dantescos que hoje se encontra.
Em que cidadãos convencidos de suas próprias narrativas
pessoais se creem no direito de impor suas verdades/vontades aos outros, sem
qualquer tipo de ponderação ou assentimento.
Um bando de ególatras prepotentes e intransigentes, que se
julgam acima dos demais, e que permeiam a sociedade recalcitrando contra o
progresso dos valores que não comungam.
Intolerantes que se valem da flexibilidade dos princípios
democráticos, e abusam de sua tolerância para atentar danosamente contra
própria ordem democrática.
Como bárbaros ensandecidos, investem furiosamente contra a
civilidade humanista, em saques degenerados aos seus valores sociais.
Rufiões danosos, exploradores da santa paciência. Precisam
ser combatidos urgentemente.
E que a espada da justiça caia logo forte sobre eles, antes
que as clavas fortes dos filhos que não fogem à luta se entrechoquem.
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