quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Ironia para quem precisa


Pobre do espírito que não compreende a ironia. Talvez a figura de linguagem mais sofisticada, pois diz o oposto do que quer dizer, contrariando a lógica do pensamento cartesiano, o que exige certo refino intelectual do alocutário para ser decodificado. Algo que pode vir a ser um problema num ambiente de mentalidades embrutecidas como as redes sociais, principalmente, quando a ironia vem manifestada na forma escrita.

Verbalmente, a ironia tende a seguir acompanhada pelo tom da fala e, ou, pelos gestos do emissor, o que auxilia no processo de decodificação por parte do receptor. Já na linguagem escrita, o grau de abstração mental exigido no processo é maior, pois requer uma boa capacidade em interpretação de textos. Porém, o que não falta no mundo é gente burra ou mal intencionada dispostas a distorcer contextos para fins de satisfação do próprio ego. A estocada irônica não atinge ouvidos parvos.

Particularmente, sou do voto de que se criem um sinal de pontuação para se especificar a ironia em textos, tal como se faz com a interrogação e a exclamação. Possa ser que esse sinal gráfico não evite por completo as querelas em questões de ambivalência em interpretações textuais, mas, com certeza, daria certa proteção jurídica para o emissor da ironia nos tribunais de linchamento digital, ao servir como atestado de sua intenção irônica. 

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Infelizmente, uma triste notícia: Zeca Bronha morreu. Andando na praia, atingido por um raio. Tinha resolvido tirar uns momentos de folga para tomar um ar, sentir os pés na areia molhada e curtir um pouco a natureza, caminhando à beira-mar enquanto trocava inutilidades pelo whatsapp com os amigos. O tempo estava nublado e um raio o atingiu. Ao contrário do que ele imaginava, não ganhou superpoderes. Caiu fulminado no chão. Bem, na verdade ele ainda está em coma induzido, vegetando com ajuda de aparelhos, aliás, situação de vida não muito diferente da anterior, antes de ser atingido pelo raio.

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